Nesta segunda postagem dessa série (veja a primeira aqui), na qual explicamos os sistemas agroflorestais que estamos plantando no Projeto Timburi, vamos falar sobre o SAF café!
Dentro do Projeto Timburi estamos trabalhando bastante com o café. A região tem aptidão para essa cultura e no município tem uma torra, a prefeitura visita os agricultores após a colheita para descascar o café, alguns agricultores já fazem a torra artesanal em suas propriedades e vendem o café a um preço especial. Pela cultura do café ser tão importante na região, nós estamos trabalhando com dois sistemas: um sistema agroflorestal com café plantado do zero e um sistema de conversão do café em monocultura para o agroflorestal. Neste post vamos falar do sistema para conversão.
Como funciona o plantio de um sistema agroflorestal numa área onde já tem monocultura?
Principalmente no caso de cultivos perenes em monocultura, como é o caso do café, a primeira coisa que precisamos entender é o espaçamento das plantas na área. Isso porque o objetivo é remover o menor número possível de indivíduos. Ainda, é preciso entender qual o tipo de operações já realizadas pelo agricultor; por exemplo, se a colheita é mecanizada, não será possível incluir árvores nas entrelinhas dos cafés. Tudo vai variar muito das práticas já estabelecidas pelo agricultor. Na PRETATERRA, essa fase de aquisição de conhecimento tradicional é muito importante (você pode ler mais sobre isso aqui). (Outro texto inédito para blog PRT).
No planejamento deste SAF para conversão do café, nós sistematizamos as práticas adotadas pelos agricultores na região e o resultado foi que a maioria, se não todos, plantam as linhas de café com 3 metros de distância entre elas e usam maquinário nas entrelinhas para roçada ou colheita. Dessa maneira, as árvores foram inseridas a cada 6 metros nas linhas do café já plantado.
Qual é a lógica do sistema?
A cada 6 metros nas linhas de café fizemos o esqueleteamento de dois pés para plantar uma árvore. Plantamos árvores madeireiras de alto valor e ciclo longo intercaladas com espécies de serviço em linhas alternadas com árvores madeireiras de ciclo médio e espécies de serviço. O objetivo é a diversificação da monocultura do café com espécies arbóreas de ciclos de vida variados, que sombrearão o café de maneira parcial e oferecerão diversos serviços ecossistêmicos, como sequestro de carbono, criação de microclima, maior penetração de água no solo, etc. A biomassa das espécies de serviço servirá para cobrir os pés do café e ciclar nutrientes e as espécies madeiráveis serão fonte de renda extra para o produtor, a médio e longo prazos.